Para entender de verdade o que significa cair na toca do coelho, não basta apenas ler o livro “Alice no País das Maravilhas”.
A obra fantástica de Lewis Carroll (1832-1898), com seus bolos mágicos, portas secretas, gatos sorridentes e tartarugas fictícias, nunca deixou de ser impressa desde sua primeira publicação. Um século e meio após seu lançamento, a história já inspirou filmes, pinturas, balé e jogos de computador. Existe até uma síndrome neurológica que leva seu nome.
E apesar de ser uma obra infantil, não tão infantil assim, esconde algumas mensagens subliminares que, verdadeiras ou não, nos fazem, no mínimo, pensar…
A Obra
As Aventuras de Alice no País das Maravilhas, frequentemente abreviado para Alice no País das Maravilhas (Alice in Wonderland), é a obra infantil mais famosa de Charles Lutwidge Dodgson, publicada em 4 de julho de 1865 sob o pseudônimo de Lewis Carroll.
O livro narra a história de uma menina chamada Alice que cai em uma toca de coelho, transportando-a para um mundo fantástico habitado por criaturas peculiares e antropomórficas, revelando uma lógica absurda característica dos sonhos. Está repleto de alusões satíricas dirigidas a amigos e inimigos de Carroll, paródias de poemas infantis populares na Inglaterra do século XIX e referências linguísticas e matemáticas, frequentemente apresentadas como enigmas, o que contribuiu para sua popularidade.
O livro tem uma continuação intitulada Alice do Outro Lado do Espelho, e ambos influenciaram diversas obras, como The League of Extraordinary Gentlemen, de Alan Moore, e Sandman, de Neil Gaiman.
As (Supostas) Mensagens Subliminares
1. O encolhimento e o crescimento de Alice
Quando Alice comia um bolo ou bebia uma bebida, ela crescia ou encolhia e temia desaparecer completamente. Mesmo sem uma razão aparente para essas mudanças em seu corpo, os cientistas têm três interpretações sobre a mensagem subliminar por trás dessa situação:
- O corpo de Alice muda semelhantemente ao de uma adolescente durante a puberdade. Muitos acreditam que Carroll estava representando a puberdade da personagem. No entanto, cronologicamente, a cena não faz sentido, já que Alice tem apenas 7 anos, muito jovem para ser adolescente.
- Astrônomos associam a personagem à expansão do universo. Segundo uma das teorias mais conhecidas neste campo, a quantidade de massa no universo está constantemente diminuindo, o que poderia levar ao seu desaparecimento completo. Isso reflete a preocupação de Alice em encolher até desaparecer.
- Outra interpretação é que os alimentos no conto são uma analogia a substâncias alucinógenas, que desorientam as pessoas. Este seria o caso de Alice.
2. Porco e Rei Inglês
Acredita-se que o conto seja uma alusão à Guerra das Rosas, que aconteceu na Inglaterra no século XV, um período marcado por conspirações, traições e decapitações, elementos presentes na história. Se essa interpretação estiver correta, o bebê que se transforma em porco representa um membro da Rosa Branca (White Rose), especificamente Ricardo III, que usava o símbolo de um javali branco. Shakespeare escreveu uma peça em que Ricardo III é o vilão. A frase “Cortem-lhe a cabeça!” pode ser uma referência ao famoso dramaturgo inglês.
3. Cheiro de Pimenta
O conto às vezes menciona que a casa da duquesa tinha um forte cheiro de pimenta, pois a empregada estava colocando a especiaria na sopa. No entanto, isso pode ser uma insinuação de que a comida estava sendo excessivamente apimentada para mascarar o odor ruim dos ingredientes.
4. Alice é Eva
As aventuras de Alice começam em um tranquilo jardim. Era puro, verde e silencioso, o que leva alguns estudiosos do conto a associá-lo ao Jardim do Éden. No entanto, Alice não come a maçã; ela entra na toca do Coelho e vai para um mundo que a transforma. A teoria parece fazer sentido: crianças são inocentes, mas ao entrar na toca (equivalente a comer a maçã), Alice adentra o mundo da puberdade e da vida adulta, tornando-se uma pecadora.
5. A lagarta
Quando as teorias de Freud se popularizaram, o conto passou a ser interpretado com uma leitura associada a símbolos fálicos e ginecológicos. Os seguidores da teoria freudiana viam símbolos sexuais femininos nas portas escondidas atrás das cortinas e nas chaves que as abriam. Na visão desses analistas, a imagem de Absolen, a lagarta gigante, é associada a… você sabe.
6. A Morsa e o Carpinteiro
Esse é o nome do poema que os irmãos gêmeos Tweedledee e Tweedledum recitam para Alice. A história envolve uma Morsa e um Carpinteiro que caminham na praia e convidam ostras para acompanhá-los. As ostras seguem até a costa, onde são devoradas pelos dois, e a Morsa acaba chorando no final.
Algumas interpretações:
- A Morsa é vista como uma caricatura de Buda e o Carpinteiro de Jesus. Por exemplo, o personagem Loki, do filme Dogma (1999), acredita nisso. A lógica é simples: a Morsa é gorda e feliz, lembrando Buda ou o elefante Ganesha, e o carpinteiro faz referência à profissão do pai de Jesus.
- J. Priestly acredita que o poema aborda a colonização dos Estados Unidos (Carpinteiro) pela Inglaterra (Morsa).
- Outra interpretação sugere que a Morsa e o Carpinteiro representam políticos que sacrificam os cidadãos (as ostras).
7. O poema do Coelho Branco
Alguns pesquisadores apontam para a estranha conexão entre Lewis Carroll e Alice Liddell, a inspiração para a personagem principal. Veja as falas:
“Ele deu sua palavra que não tinha sido eu
(E todos sabemos, isso é verdade)
Se ela quisesse mesmo saber
O que aconteceria com você?”
Este é um dos momentos mais emocionantes na interpretação do conto. Alguns acreditam que, quando a menina tivesse idade apropriada, Carroll se casaria com ela. No entanto, por algum motivo, ele teve uma briga com a Sra. Liddell, mãe da verdadeira Alice, e nunca mais viu nenhum membro da família desde então.
Na Animativa, não tem mensagem subliminar
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